
Criança emocionalmente saudável está pronta para enfrentar desafios
Frustrações auxiliam no desenvolvimento da resiliência
Hoje é comum que os familiares satisfaçam todas as vontades do filho, poupando-o até mesmo de pequenos problemas ou frustrações e protegendo-o de tudo – mesmo quando ele não precisa. Mas existe um limite entre o saudável e o prejudicial ao preparo para a vida e o desenvolvimento emocional da criança. Para o pediatra José Francisco Malucelli Klas, coordenador do Departamento de Saúde Escolar do Colégio Bom Jesus, essas atitudes dos familiares não dão à criança ou ao adolescente a oportunidade de desenvolver habilidades socioemocionais, essenciais para a vida adulta. “A falta dessas habilidades está associada, com frequência cada vez maior, a adolescentes e adultos com baixa tolerância às frustrações e pouca capacidade de enfrentamento positivo de situações estressoras cotidianas, levando a quadros, muitas vezes graves e prolongados, de insatisfação com a vida e sofrimento emocional, mesmo em situações em que aparentemente nada lhes falta”, conta o médico.
Perigos da satisfação imediata
Inúmeros estudos científicos demonstram que promover a satisfação imediata de todas (ou quase todas) as vontades das crianças e dos adolescentes pode ser muito danoso. Em vez disso, é recomendando que os familiares façam uso do chamado adiamento de recompensas (delayed gratification). Isso significa dizer “não” para algumas vontades da criança e do adolescente ou postergá-las. Como forma de amenizar eventuais argumentações, é importante que os familiares deixem claro para o filho que não realizarão todas as vontades dele e que isso os ajudará a enfrentar as adversidades próprias da vida, agora e no futuro.